Panorama do e-learning nas IES Portuguesas

Ana Augusta Silva Dias

Centro e-learning TecMinho@ Universidade do Minho

As Instituições de Ensino Superior (IES) em Portugal vêm desenvolvendo os seus serviços de e-learning para apoio e complemento à formação presencial desde o final dos anos 90. Os casos mais importantes a destacar nesta matéria são o da Universidade de Aveiro com um serviço de e-learning estável desde 1998, da Universidade do Porto com uma série de boas práticas ao nível do suporte aos docentes e ao desenvolvimento estruturado e sustentado de serviços internos e-learning e o da Universidade do Minho que criou uma infra-estrutura integrada no campus virtual e que desenvolve formação de e-professores para os seus docentes desde 2003.Os grandes momentos do desenvolvimento do e-learning nas Universidades Portuguesas foram, no entanto, marcados por iniciativas governamentais que impulsionaram as universidades no desenvolvimento de estruturas e infra-estruturas de suporte ao e-learning.A Iniciativa e-U nasceu no seio do Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (MCTES), na Unidade de Missão, Inovação e Conhecimento (UMIC), integrada no XV Programa de Governo e alinhado com as directivas traçadas no Programa e-europe 2005. Os seus objectivos visavam o fomento da criação de serviços universitários “online”, a produção e partilha de conteúdos académicos e a criação de comunidades do Ensino Superior, actuando em três vertentes:

  •  Aposta na criação de Serviços e Conteúdos, disponíveis em qualquer hora, de qualquer lugar;
  •  Massificação da utilização de computadores portáteis (“um para cada” aluno/professor);
  •  Assegurar o acesso fixo e móvel à Internet (e Intranet) em banda larga, fora e dentro da Universidade;

Na sequência desta iniciativa várias Universidades Portuguesas criaram ou desenvolveram iniciativas já em curso na área do e-learning e constituíram os seus Campus Virtuais, trabalhando em rede e constituindo-se como uma frente de desenvolvimento comum.

Notar que o e-learning é aqui entendido, essencialmente, como complemento à formação presencial, uma vez que as Universidades de que falamos são Universidades com ofertas de ensino presencial.

Paralelamente ao desenvolvimento dos campus virtuais e dos serviços e-learning, as mudanças inerentes à implementação do processo de Bologna impulsionaram a adopção das tecnologias de forma mais sustentada, e as plataformas e-learning foram sendo sucessivamente integradas no processo de ensino/aprendizagem e adoptadas pelos professores e alunos. No Relatório de concretização do processo de Bolonha na Universidade do Minho (UM) chama-se a atenção para a importância do e-Learning: «A plataforma de elearning associada a um sistema wireless, acessível a partir de qualquer localização dentro da Universidade, tem contribuído grandemente para os novos modelos de aprendizagem. Dados obtidos no final do 1.º semestre de 2008/2009 indicam que:

  • 783 Docentes colocam conteúdos na plataforma institucional BlackBoard
  • 851 Unidades curriculares têm conteúdos na plataforma
  • 14272 Estudantes acedem à plataforma.

Deve sublinhar-se entretanto que, com a implementação da reforma de Bologna, começam a surgir em Portugal ofertas de cursos semi-presenciais, ou cursos parcialmente realizados a distância, especialmente no 2º Ciclo.

Os serviços e-learning nas IES Portuguesas são normalmente serviços directamente geridos pelas Reitorias, senso gabinetes com 2 a 10 técnicos especializados (na dependência de um Vice-Reitor ou Pró-Reitor), que têm por objectivo providenciar suporte a todos os professores na utilização de plataformas e-learning, tanto do ponto de vista técnico como pedagógico. Algumas das funções habituais dos serviços, independentemente das estratégias de implementação e-learning de cada Universidade, são:

  • Apoio ao desenvolvimento de Unidades Curriculares Online
  • Apoio pedagógico ao desenvolvimento de conteúdos
  • Suporte técnico básico no acesso e utilização do software
  • Formação rápida – workshops

 

 

 

 

Cada Universidade tem a sua estratégia de implementação do e-learning, de acordo com visões estratégicas próprias e de acordo com a visão dos mentores que o impulsionam internamente. As Universidades e Politécnicos que se destacam com serviços estruturados e alguma prática e-learning são a Universidade do Minho, do Porto e de Aveiro, de Lisboa (grupo e-learning recentemente criado), a Universidade Católica Portuguesa e os Politécnicos de Leiria e do Porto. Além destas, a Universidade Aberta Portuguesa, sendo uma “open university” desenvolve as suas ofertas formativas em modalidade e-learning, tendo recentemente implementado politicas que permitiram passar de um modelo de ensino a distância tradicional para um modelo e-learning baseado numa plataforma e-learning.

Na UM já se utilizaram uma série de plataformas (EASY Education, MOODLE, Blackboard), tanto para o apoio ao ensino presencial, como para a formação de e-professores em modalidade e-learning, sendo a plataforma actualmente em uso a Blackboard. Desde o inicio do projecto e-learning@UMinho houve uma preocupação grande com a integração de sistemas. Isto é, o Campus Virtual, permitiu a integração da plataforma e-learning com os sistemas de informação da UM, sistemas administrativos, sistemas de bibliotecas, equipamentos e salas de informática e de videoconferência. Uma das vertentes mais inovadoras dessa integração é a compilação e registo do “Dossier da Unidade Curricular” na Blackboard, sendo que em 2010 passou a ser obrigatório o registo de todas as Unidades Curriculares pela via da plataforma. O esforço de integração de sistemas foi permanente e neste momento a Blackboard está perfeitamente integrada com os sistemas de informação da Universidade, Serviços académicos e administrativos, Serviços de directoria e autenticação, Repositórios (científico e e-learning), etc.
Através do Centro e-learning da TecMinho/ Gabinete de Formação Contínua da Universidade do Minho tem-se

promovido, desde 2003, formação contínua de e-professores em modalidade 90% e-learning. Os cursos têm a duração de 1 mês e 2 meses (online) e são orientados por e-formadores especializados. As temáticas dos e-cursos são orientadas às necessidades de formação dos docentes da UM, nomeadamente “como ser e-formador”, “design de e-conteúdos”, “e-assessement”, etc. Os e-formadores destes cursos e-learning são peritos nas temáticas e provêm da UM e de outras Universidades ou Instituições Portuguesas reconhecidas como especialistas em e-learning. O Centro e-learning é ainda responsável por algumas publicações na área do e-learning, destacando-se “e-learning para eformadores” e “e-conteúdos para e-formadores” como publicações chave em Portugal.

Entretanto, no ano passado o Governo Português voltou a dar um impulso à formação a distância em Portugal.

O MCTES assinou em Janeiro de 2010 um contrato com 14 Universidades e 19 Institutos Politécnicos designado “Contrato de Confiança” com o objectivo de incrementar o investimento em educação e formação para todos, abrindo as portas das Universidades e Politécnicos a outros públicos e muito especialmente à população activa. Esta abertura naturalmente vai contribuir fortemente para o desenvolvimento de soluções flexíveis que se adaptem às pessoas que estão no mercado de trabalho, passando por soluções formativas em modalidade semi-presencial utilizando as plataformas e-learning como meio de interacção com os alunos e potenciando uma abertura do ensino superior à sociedade.

O Objectivo é que entre 2010 e 2014 se formem 100 000 novos estudantes por esta via. Abriu-se assim mais uma janela de oportunidade para o e-learning nas universidades que se  “comprometeram a generalizar a utilização de novas metodologias pedagógicas, reforçando designadamente o ensino à distância e a promover um maior apoio à formação pedagógica dos docentes; Por outro lado, as instituições do ensino politécnico  “comprometem-se a qualificar nos próximos 4 anos cerca de 43 000 novos estudantes,  dos quais  5 000 em ensino à distância (…) e comprometem-se a desenvolver o ensino à distância através do consórcio E-Politécnico. O projecto será dirigido a segmentos e áreas específicas, com destaque para o público adulto e para projectos de requalificação e de aprendizagem ao longo da vida. A área geográfica de abrangência deste projecto incluirá todo o território nacional, bem como o espaço lusófono.”

Agora cabe aos serviços de e-learning avançarem com soluções flexíveis, apoiando os docentes no seu processo de implementação pedagógica via plataforma e-learning, contribuindo para inovar e empreender na universidade, tornando a universidade mais ligada às necessidades da sociedade e da economia, participando no desenvolvimento de qualificações certificadas que permitam a mobilidade de trabalhadores e de estudantes na Europa.

 

Referências

http://www.mctes.pt/archive/doc/cc_universidades.pdf

http://www.mctes.pt/archive/doc/Sintese_-_Universidades.pdf

http://www.mctes.pt/archive/doc/Sintese_-_Politecnicos.pdf

http://www.microsoft.com/portugal/obtenhafactos/casospraticos/uminho.mspx

 

Citar como:

Silva, A.A (2011): “Panorama do e-learning nas IES Portuguesas”. SCOPEO, El Observatorio de la Formación en Red. Boletín SCOPEO nº 35, 1 de Febrero de 2011. En línea: [Consulta: dd/mm/aaaa]

 

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